Luiz de Mattos tem um texto no qual nos recomenda que devemos saber esperar, mas lutando sempre. Para alguns talvez possam parecer incompatíveis essas duas condições agirem ao mesmo tempo – esperar e lutar – pois a luta pressupõe, à primeira vista, ação. Ação enérgica com o intuito de alterar a realidade fática de forma permanente. Esperar, ao contrário, transmite a sensação de inação, de imobilidade e até mesmo de ausência de vigor.
Como então saber esperar, mas lutando sempre? Como ser forte, enérgico e decidido para a luta e, ao mesmo tempo, saber esperar? Exercitando, primordialmente, a virtude da paciência.
Não por acaso, a paciência é considerada a virtude passiva. Entenda-se que passiva aqui não traz resquício de inatividade, de inoperância ou de fraqueza, até porque, se tais características existissem na paciência, ela não seria virtude. Paciência, ao contrário, traz em seu bojo a capacidade de refletir e de agir com sabedoria, ou seja, é virtude que exige reflexão, raciocínio e sabedoria para fazer o que é certo no momento propício.
Quem exercita a paciência tem melhores condições de bem cumprir seus deveres sem revoltas ou incompreensões mesmo quando constata que seus iguais ou superiores hierárquicos não cumprem os deles. A paciência evidencia caráter bem formado e firmemente lastreado na convicção do que é o certo a ser feito, em detrimento de ondas de opiniões contrárias, aparentemente benévolas, mas traiçoeiras, recheadas de segundas intenções e de interesses mesquinhos. É virtude que transmite, portanto, força moral e robustez de convicções. Quem tem paciência sabe que a natureza não dá saltos e que cada um age conforme o grau de evolução conquistado. Sabe também que a cada um será dado o que merece no ininterrupto caminhar evolutivo, condição baseada na irreprimível lei de causa e efeito.
O ser paciente tem a certeza de que sempre é a hora certa de fazer a coisa certa, com vigor e sabedoria, independe de quem ou o que possa ser contrariado. Sabe, também, que em muitas situações, o melhor a fazer é esperar, ainda que os mais apressados possam julgar haver nisso falta de coragem ou de determinação.
A paciência nos torna capazes de resistir no limite das nossas forças a trair nossos valores, nossa reta consciência, mesmo nas lutas mais renhidas contra inimigos poderosos. E, estando no limite, nos diz quando é hora de renunciar, de abrir mão de supostas vantagens ou benefícios.
Ser paciente é ser forte, é ter domínio próprio, é ser capaz de raciocinar, de avaliar os prós e os contras que essa ou aquela resolução implica. É, inclusive, saber minimizar danos quando a situação assim o exige. Consideremos, portanto, a conquista da paciência como objetivo a ser alcançado diariamente em nossas vidas, em todos os momentos em que as circunstâncias a exigirem, pois os resultados serão os mais promissores nessa nossa eterna luta para nos tornarmos melhores.