Pensar é viver

Não podemos sequer hesitar diante da grandeza da frase: Pensar é viver! Temos diante de nós, em todas as horas, por todos os motivos, um exemplo a citar. Quando sabemos pensar, vivemos.

Arrastar a vida é próprio daqueles que não movimentam seus pensamentos, que não sabem colocá-los perto da força do bem, longe do mal que é sempre fraco. Fraco, repetimos, porque ao lado de nossa vontade determinada, junto dos pensamentos que se centralizam – sucumbe fragorosamente, desaparece como por encanto.

Só os fracos se queixam de que a vida é amarga, é dura, é trabalhosa. Os fortes de pensamento, aqueles que determinam suas glórias – vivem a sorrir, vitoriosos! A vida não lhes parece senão uma lida que se cumpre, que se vence com um sorriso ou que se manobra com energia sã. E as rugas e o cansaço não chegam a vir. Muitos pensarão que estes são os privilegiados da Natureza, que não sofrem ou não conhecem os aborrecimentos; enganam-se, é certo. Os sofrimentos e as maldades também procuram atingi-los, feri-los até. Mas um tanto mais forte do que os outros, o seu pensamento se exalta, a sua vontade se firma, a sua individualidade cresce e tudo se contrai, tudo se afasta, tudo foge de uma coisa que fica patenteada: sua personalidade!

Outros existem, entretanto. Fracos de ideal, desamparados pelas próprias ideias, eles começam analisando a sua inferioridade diante da força dos outros, julgando que as lutas são sempre falhas, que tudo se resolve negativamente, desfavoravelmente. E, como na vida, nada é mais certo do que estas três palavras: Pensar é viver; eles, pobres de espírito, mendigos de força, andarilhos, sem vontade, sucumbem desconhecendo a força que os teria levantado se soubessem arregimentá-la.

Pudessem todos os homens conhecer a verdade da força mental, pudessem eles ter nos seus próprios pensamentos os seus amigos de sempre, outro seria o aspecto do mundo, outro seria o estado da humanidade. Seus amigos, os pensamentos, guiados para a luta do bem, haveriam de se incumbir de todas as suas vitórias, de todos os seus triunfos, para que os seus momentos de felicidade e harmonia fossem garantidos. E, garantidos estariam os povos e os governos, as leis e a verdade, o mundo e a paz! Pois os ódios e ameaças, as lutas e os crimes, os atentados e as violências nascem do desencontro dos pensamentos, da maldade e da fraqueza de simples pensamentos que crescem, que se avolumam, que se intensificam do mal para o mal, do egoísmo para o egoísmo, do terror para o terror.

 Mudemos os pensamentos, vivamos pela força da sua grandeza, saibamos torná-los dignos de nossa consciência, sem que nos envergonhemos de outros e teremos, com pensamentos simples, resolvido todos os problemas que atormentam a humanidade.

Publicado em 20 de dezembro de 1950.