Princípios são princípios

O Racionalismo Cristão será sempre uma Filosofia diferente das muitas existentes.  É diferente porque se esteia nos dois únicos princípios – Força e Matéria – composição única do Universo, não admite embustes nem mentiras, e como o fazia Jesus, o Cristo, diz a verdade, o que contraria muita gente, que gosta de mitos e encenações explorativas, porém, acima dos interesses de quem quer que seja. O homem esclarecido sabe ver a humanidade sofredora por ignorância, vítima das mentiras impingidas por falsos mentores, que vivem nababescamente à custa dessa humanidade ignorante e incauta.

No Racionalismo Cristão não há segundas intenções. Seus princípios emanam dos ensinamentos de Cristo e por essa razão não se pode deixar de sacudir os espíritos, como Jesus o fazia, com o látego da verdade, para que todos abram os olhos, clarividenciem o raciocínio, iluminem a razão, desvencilhando-se de preconceitos quaisquer, tendo defesa própria, e compreendendo a vida na sua realidade.

A filosofia emanada do Racionalismo Cristão não promete o céu, nem intimida com o inferno, que são inexistentes; ela alerta e esclarece, fazendo ver que o espírito tem sua habilitação espiritual num dos mundos que se movimentam no Espaço, no Universo, e ao qual Jesus se referiu como sendo a Casa do Pai, havendo nele moradas para todos os seres humanos viventes na Terra. São os mundos de estágio de onde vêm os espíritos  para assumir um corpo físico e para onde voltam quando o abandonam. É neles que o espírito vai buscar força quando o corpo dorme e ele se desdobra. É para eles que vai o espírito quando desencarna e ali observa, tal qual um filme, as suas boas ou más ações praticadas na Terra.

Com estas verdades, o Racionalismo Cristão tem que ser diferente, porque o convida a pensar e não a crer, simplesmente, e daí, a criatura por si mesma, reconhece o caminho errado e desvia-se dele para palmilhar pelo certo, que não admite atalhos, e assim começa a humanidade a sentir a verdade e a reconhecer como erradas as teorias expostas por seus mentores.

A criatura esclarecida passa a ter confiança absoluta em si mesma, fica convicta da verdade, não mais admite o fanatismo. Enfrenta e combate a mentira, prima por ser educada, tratável, respeitadora, não bajula, não alimenta a vaidade, não consente que minta à humanidade. Seja em que terreno for, combaterá o que souber estar errado.

O esclarecido sabe que o mundo está convulsionado, que os homens não se entendem, porque a vaidade que os domina a isso os impele; e assim será enquanto houver orgulho, ganância, vaidade e prepotência. Com tão baixos sentimentos não pode haver fraternidade nem paz espiritual entre os seres humanos.

Os ensinamentos do Racionalismo Cristão não admitem regimes ideológicos. O verdadeiro racionalista cristão não tem ideologias, será sempre um idealista a levar por diante a verdade confraternizadora de almas, compreendendo que, na essência espiritual, todos os seres humanos são irmãos e como tais se devem entender e ajudar, respeitando a Casa do Pai, onde as leis são comuns, naturais e imutáveis. Aquele que as infringir sofrerá pelas consequências.

Por essa razão, se continuará a explanar princípios elucidativos, que despertarão as criaturas, que ficarão precavidas para não mais serem enganadas, vivendo felizes. Há neste mundo  muita coisa errada que revolta o espírito daqueles que têm consciência reta, que não concordam com a mentira e a exploração, pois é sabido que em todos os tempos houve e há homens bons e maus. Em todas as nações houve lutadores a batalhar pela liberdade, como há aqueles que têm concorrido para desgraçar os povos.

O homem de bem não se confunde, luta e sofre muito quando quer ser útil a um povo, desejando-o esclarecido, consciente dos seus deveres e obrigações, liberto das garras aduncas dos que tudo lhe prometem, mas que apenas lhe dão pobreza, miséria moral e material.

O povo esclarecido não admite proteção. Ele sabe o que quer, quais os seus direitos e obrigações dentro do dever a cumprir.  Escolhe para seu Governo, não um “homem de promessas”, mas um cidadão de vida limpa, com exemplos à vista, de amor ao trabalho e respeito pela ordem. Tenha-se em conta que os princípios educativos têm influência na formação do caráter. É por essa razão que se diz ‘ensinar à criança é gravar no mármore’.

Um povo culto, amigo do trabalho, será sempre ordeiro e produtivo, e jamais subserviente.  Admirem-se, respeitem-se e acatem-se os cidadãos que pugnarem pela instrução, pela produtividade, pela economia, pelo amparo à criança e à velhice e que saibam enaltecer a família e a pátria.

Publicado em novembro de 1964.