Ciência médica estuda influência da espiritualidade do paciente e sua cura

A relação entre a espiritualidade e a cura de doenças físicas e psíquicas enfrentadas pela humanidade, principalmente as ligadas a sentimentos negativos, entrou definitivamente (acredita-se) no interesse da ciência médica, conforme registra a BBC News Brasil em artigo divulgado em maio.

Nos Estados Unidos, grandes instituições de ensino como a Escola de Medicina de Stanford, as Universidades Duke, a da Flórida, a do Texas e Columbia mantêm centros de estudos exclusivos sobre o assunto, assim como a Universidade de Munique, na Alemanha, a de Calgary, no Canadá, e o Royal College of Psychiatrists, no Reino Unido. Para os centros de pesquisa, há um conjunto de evidências que indicam que diversas expressões da espiritualidade têm impacto significativo na saúde e no bem-estar, associadas a menores níveis de mortalidade, depressão, suicídio, uso de drogas, ou mesmo internações e medicamentos.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Instituto de Psiquiatria (IPq) da USP, por meio do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), têm investigado no Brasil quanto a espiritualidade do paciente auxilia na cura de doenças que podem ser agravadas a partir de sentimentos ruins e pensamentos destrutivos.

As instituições ressaltam que espiritualidade é diferente de religiosidade: em tese, uma pessoa religiosa é espiritualizada; mas alguém espiritualizado não necessariamente segue uma religião – e pode até não acreditar em Deus. A espiritualidade estaria ligada à busca pessoal de um propósito de vida e de uma transcendência, envolvendo também as relações com a família, a sociedade e o ambiente.

Em casos isolados, o médico Álvaro Avezum Júnior, um dos principais estudiosos do país da relação entre espiritualidade e saúde, afrma que a espiritualidade é um estado mental e emocional que norteia atitudes, pensamentos, ações e reações nas circunstâncias da vida de relacionamento, sendo passível de observação e mensuração científica. Avezum Júnior, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), é professor do centro de cardiopneumologia da USP e do programa de doutorado do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Ele afirma que quem tem menos disposição ao perdão está mais disponível a enfrentar enfermidades coronárias, da mesma maneira que a raiva acumulada pode levar à diabetes.

A base desses estudos coincide com os princípios e fundamentos sustentados pelo Racionalismo Cristão e que têm origem na codificação da filosofia racionalista cristã por Luiz de Mattos no início do século passado.