Quais as maneiras mais eficazes de avaliar nossos erros e tropeços para nos tornarmos pessoas melhores?

Falar sobre oportunidades de aprimoramento para os homens e para as mulheres da sociedade atual significa convidá-los a meditar sobre os atributos e faculdades espirituais que todos possuem e que não estão circunscritos ao limitado campo físico. Ora, essas potencialidades impelem-nos a viver buscando o desenvolvimento e estão na base de todo dinamismo existencial. Na verdade, só possuiremos uma vida harmônica na medida em que expandirmos e realizarmos em nós essa vocação espiritual de aprimoramento. Eis a razão pela qual é importantíssima a atitude de converter os erros em aprendizado, pois assim se dilatarão de forma consistente o raciocínio, a inteligência, a sensibilidade e os demais predicados do espírito. 

A verdadeira esperança de que oportunidades melhores surgirão desde que nos esforcemos para criá-las e a convicção de que reunimos em nós qualidades necessárias para assumir o protagonismo de nossas vidas são faróis que iluminam nossos passos e representam o sustentáculo da tranquilidade e da estabilidade emocional. 

Sempre ao tratar da abordagem de que os erros, enganos e equívocos constituem um conjunto real de possibilidades de crescimento humano, poderá haver, eventualmente, quem a critique, tachando-a de quimérica e ilusória, mas sem razão. Procuraremos demonstrar, a seguir, quão interligados estão os conceitos de vida plena e reavaliação de condutas a partir da análise dos erros. 

Analisando as várias concepções que orbitam o conceito de desafio, verifica o estudioso da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão que em todas elas há, implicitamente, uma valoração positiva. Como um impositivo da vida neste planeta, deve ser considerado, e não se dissolver no domínio das generalidades sem importância ou mesmo das fatalidades irremediáveis.  

Ao buscar superar os desafios que a todo instante a vida lhe apresenta, o ser humano está, naturalmente, suscetível a cometer enganos e falhas. É preciso considerar, entretanto, que tudo isso faz parte de um processo e que melhores resultados serão alcançados sempre que houver disposição em aprender com os insucessos. Por essa razão, os erros e equívocos, que todos cometem em maior ou menor grau, revelam incontestavelmente uma oportunidade de aprimoramento e revisão de paradigmas.  

O despertar para essa realidade atesta que os erros, quando analisados em profundidade e descortinados em sua causa geradora, podem representar alavancas evolutivas, constituindo a expressão de maior relevo no que se refere à reflexão de todo ser humano a respeito da finalidade da vida. 

A pessoa que, com sinceridade de propósitos e sem preconceitos tolos, procura compreender a vida em seu aspecto mais abrangente, buscando conhecer a fundamental realidade que se oculta para além das aparências e dos condicionalismos, tem apreço pelo conhecimento e pela sabedoria, não apenas o conhecimento sensorial, mas também – e principalmente – o conhecimento da espiritualidade, daquilo que há de comum em todos os seres. 

A chave para a avaliação de erros e tropeços tendo por foco o burilamento da própria personalidade não é um enigma a ser descoberto, nem um conhecimento que possa ser adquirido exclusivamente por meio do estudo teórico. Ela está na disposição prática e concreta em reconhecer as próprias faltas, em agir abnegadamente, em apreciar com sinceridade os atos praticados. 

Importa aceitar e acolher as eventuais ingratidões, as circunstâncias desagradáveis, as contrariedades e obstáculos, absorvendo sempre as lições ali contidas com a vontade férrea de se tornar uma pessoa melhor, mais humana, mais compassiva, mais preocupada com o bem-estar de seus semelhantes. 

Está fora de questão que a característica mais marcante da pessoa que toma consciência das lições por trás dos problemas é sua capacidade de abandonar antigos hábitos e desbravar novos caminhos. 

Aludimos, em primeiro plano, que uma das maneiras mais eficazes de desenvolver proficuamente nossas potencialidades é eliminar do campo de nossas ideias qualquer impulso à transferência de responsabilidade. Quando vivenciamos situações menos felizes, devemos buscar entender qual foi nossa participação nesse contexto e nunca atribuir os insucessos à outra pessoa ou a um determinado grupo de pessoas. 

A angústia, a dificuldade de pôr em prática os propósitos acalentados e a aridez emocional que muitas pessoas infelizmente vivenciam têm por fundamento o orgulho e a autocondescendência. Não nos esqueçamos, aliás, de que é da ausência da disposição de vencer-se a si mesmo que brotam muitos males e decepções. 

O entendimento acerca da necessidade de analisar as causas dos erros e equívocos para evitá-los é condição básica para a edificação de uma vida produtiva e feliz. Sem dúvida, o olhar interrogativo e a apreciação criteriosa dos problemas permitirão o desvendar de inúmeros desacertos e erros e o esvanecer de muitas ilusões e fantasias. 

A respeito da interpretação dos erros como mecanismos de desenvolvimento, circulam muitos desconcertos e ambiguidades, que tornam sua prática mais complexa do que na realidade é. Como corolário dessa situação, vai-se desestimulando a análise séria das situações dramáticas com o fim de reconhecer a origem do problema e alimentando-se o nocivo sentimento de transferência de responsabilidade. 

Eis uma escolha que praticamente todo ser humano, em algum momento da vida, terá de fazer: de um lado, a decisão de colocar-se receptivo ao aprendizado, ao aperfeiçoamento, ao soerguimento, à transformação positiva; de outro, a de sentir-se eternamente vítima das circunstâncias, roído pela inquietação, alimentando constantes, profundas e dolorosas divisões e incidindo em uma desvalorização progressiva da própria vida. Poderão, porventura, as duas opções equivaler-se e oferecer à experiência humana oportunidades de crescimento emocional e qualidade de vida? Poderão proporcionar iguais possibilidades de realização e paz interior? Evidentemente não.  

A aprendizagem não é um processo linear e mecânico, portanto, não há que falar em uma lista de procedimentos a serem seguidos a fim de se atingir uma meta. As maneiras mais eficazes de avalição dos próprios erros e tropeços estão associadas à autoanálise e às perspectivas internas de cada pessoa. 

Às interrogações de como proceder diante dos insucessos e de que aspectos da personalidade devem ser melhorados é a consciência de cada um que deve responder. Daí a necessidade de constante reexame e autoanálise. 

 A partir de um sério empenho de reflexão e ação e tendo por base os conteúdos aqui expostos, todos estarão em condições de olhar para seus problemas com os óculos da espiritualidade, que ensejam uma visão ampliada, sincera e consistente a ser traduzida em ação concreta e efetiva.  

Na verdade, não há, amigos, uma experiência humana imune de erros e isenta de contradições. Sem os embaraços e dificuldades, adversidades e reveses, a vida limitar-se-ia ao campo vegetativo, perdendo muito de sua graça e beleza. 

Muito Obrigado!