Os relacionamentos saudáveis, embora comportem contradições e desafios consideráveis, representam a base das sociedades bem constituídas e estáveis – uma significativa conquista obtida pelas pessoas que se dedicam à estruturação de uma de vida feliz e harmônica. Uma vez ultrapassados os condicionamentos simplistas que giram em torno dos conteúdos meramente materiais, verificar-se-á que este tema se encadeia de maneira estrita à espiritualidade difundida pelo Racionalismo Cristão, precisamente no que ela tem de mais belo e profundo.
Todos os relacionamentos têm, necessariamente, suas expressões características. Por vezes, compreende-se que eles se originam como um impulso para a satisfação pessoal, ou um simples recurso para atender a determinados padrões egoístas presentes na personalidade humana. Mas esse pensamento é deveras limitado: os relacionamentos saudáveis consolidam-se por meio do respeito, da renúncia, da empatia; representam a força da união, que traz consigo alegria, embora muitas vezes acompanhada de choques e dificuldades.
Excluir a concepção espiritualista do campo das relações não libera as pessoas para a vivência de um relacionamento sem limites ou critérios, mas as escraviza na esfera das paixões e do desrespeito. Suprimir o entendimento de que o convívio afetivo entre os seres humanos tem origem e finalidade superiores não fortalece uma atitude saudável e elevada, mas retira o fundamento da vida e desorganiza a sociedade. Em outras palavras, a pessoa que vive preocupada exclusivamente com os fatores materiais presentes nos relacionamentos, desvincula-se de suas raízes, acabando por sentir-se insegura, sem chão.
Com o dinamismo característico do momento histórico que vivenciamos, o fluir da realidade exige reflexão constante. Embora o próprio entendimento acerca dos relacionamentos esteja direta e indiretamente relacionado com as configurações características da atualidade, nota-se que, na visão racionalista cristã, as relações maduras, sinceras, afetivas e consistentes são sublimes e admiráveis, estando necessariamente subordinadas à renúncia.
Queremos deixar nítido que a dimensão espiritual é um elemento-chave no estabelecimento de relacionamentos saudáveis e consolidados, e que a maturidade espiritual do ser humano se revela em sua capacidade de relacionar-se. Sabemos que não existe relação perfeita, como a mídia, muitas vezes destituída de critérios morais, costuma nos propor. Os relacionamentos familiares, por exemplo, estão marcados por crises as mais variadas, que implicam em aprendizado e, não raro, intensificam o fluxo afetivo depois de superadas.
Desenvolver o hábito de dar verdadeira importância ao diálogo claro e bem articulado constitui um mecanismo fundamental para viver, exteriorizar e amadurecer o respeito que sustenta as relações, mas que exige um longo e perseverante aprendizado. No que concerne à vida a dois, o modo de formular questões, o momento propício, o tom de voz e o tipo de abordagem são fatores determinantes para a eficácia da comunicação. Devemos admitir que, para que o diálogo seja profícuo, é importante que se tenha algo a comunicar, e isso requer um conteúdo interior que se obtém por meio de uma vivência fundamentada em princípios racionalistas cristãos, que enobrecem e dignificam todas as manifestações humanas.
Queremos reafirmar, enfim, a importância de cultivar o amor ao próximo, que não discrimina, que não faz juízo de valor e que tudo supera de modo admirável. É o amor incondicional que nos permite estabelecer relações saudáveis e longevas. Profundamente diferente do sentimento possessivo. O amor verdadeiro – base das interações e intercâmbios contínuos – não conhece nem o sentimento angustiante da perda, nem a desgastante pretensão de domínio. Cultivemo-lo cada vez mais intensamente, para o nosso próprio benefício e para o benefício daqueles com que convivemos.
Muito Obrigado!