O significado do termo ‘criação’, conforme empregado na vasta literatura filosófico-espiritualista racionalista cristã, indica substituição e/ou transformação da Matéria pela permanente ação vibratória da Força (Princípio Inteligente). A realidade das dimensões do Universo (metafísico e físico) corresponde às exigências das leis naturais e inexoráveis da evolução, portanto não é obra da criação e nem do acaso.
Contra a ideia de ‘criação’ o que existe é a de ‘produção’ (geração) contínua de fenômenos (eventos) em todo Universo (metafísico e físico). Todo efeito (produto) tem uma causa e um agente causador, este é a Força que organiza, incita e movimenta a Matéria, que é inerte, plasmável, modelável pela ação da Força. Para facilitar o entendimento deste tema, que gera dúvidas recorrentes, vamos separar o Universo em duas dimensões: a metafísica e a física.
Dimensão metafísica. Para as forças que operam nas dimensões metafísicas, fora dos campos de manifestação físicos, a produção (geração) de fenômenos (eventos) não se dá no tempo, pois imaginar o ‘antes’ e o ‘depois’ da produção é conceber esta como criação. Nessas dimensões sutis, toda sua fenomenologia efetiva-se na eternidade, fora do tempo e do espaço, e sempre atual. Não existindo a ideia da criação e, sim, a da produção (geração) de fenômenos (eventos) através da substituição e transformação da Matéria pela ação vibratória permanente das forças que têm a capacidade e o poder de atuar, simultaneamente, nos campos de manifestação que compõem estas dimensões.
Tempo e espaço são grandezas relativísticas aplicadas apenas nas dimensões físicas (três dimensões), como a Terra, e não aplicadas nas dimensões metafísicas, nestas outras leis imperam e regulam as ações das forças. Nessas dimensões sutis, as grandezas tempo e espaço se confundem, dando a ideia de “singularidade” em que passado e futuro coexistem, numa espécie de “presente eterno”, jogando por terra a ideia e o significado distorcidos da criação.
Dimensão física. Deve estar pensando o leitor: como podemos inserir neste contexto todas as forças, incluindo o ser humano, que atuam nas dimensões físicas? A resposta é: quanto às forças que operam nas dimensões físicas, como as que se expressam na forma humana, o poder de produção (geração) de fenômenos (eventos) e a compreensão destes são limitados e estão sujeitos ao grau de evolução das parcelas-Força; às leis e grandezas relativísticas próprias das dimensões físicas (três dimensões), como o “tempo” e o “espaço”; e, também, dos recursos disponíveis e os meios constituídos por densidades específicas de matéria que somente se encontram nas atmosferas fluídica e física destas dimensões.
Circunscritas no referencial espaço-tempo, característico das dimensões físicas (três dimensões), as forças que operam neste referencial têm a percepção, sensação e interpretação de que os fenômenos (eventos) ocorrem na linha do tempo, imaginando o antes e o depois de suas produções.
Dependendo do grau de maturidade intelectual e espiritual das parcelas-Força, estas se inclinam para interpretar de forma ilógica, irracional e até mística a natural produção (geração) contínua de fenômenos (eventos), que ocorrem através da substituição e transformação da Matéria pela ação vibratória permanente da Força, atribuindo à ‘produção’ (geração) a ideia ilusória, irreal e distorcida da ‘criação’, esta que não existe.
Conclusão. Na ótica da filosofia espiritualista racionalista cristã, o entendimento de todo este conhecimento não é tão difícil assim, mas para aqueles que se utilizam apenas da lógica puramente materialista é difícil chegar à compreensão dos seguintes significados: da capacidade e o poder das forças de atuarem, simultaneamente, nos campos de manifestação dentro e fora do referencial espaço-tempo; do significado de presente eterno; de o que existe é a ‘produção’ (geração) contínua de fenômenos (eventos) em todo o Universo (metafísico e físico), contrapondo à ideia de ‘criação’; e que o Universo sempre existiu, jamais foi criado.
Em todo o Universo (metafísico e físico), nada se “cria”, nada se perde, tudo acontece, ocorre, através da produção (geração) contínua de fenômenos (eventos) através da substituição e/ou transformação da Matéria, de diversas densidades, pela ação vibratória permanente da Força.