O ser humano não deve ser injusto com o semelhante, para que não tenha de amargar, cedo ou tarde, o arrependimento que a injustiça sempre acarreta. Não é fácil julgar alguém, porque o julgamento certas vezes baseia-se em aparências, e as aparências nem sempre refletem a realidade. Julgar é tarefa exclusiva de quem está capacitado e legalmente habilitado para fiscalizar e fazer cumprir as leis que regulam as sociedades bem organizadas. Quanto a infringir as leis evolutivas que regem o Todo Universal, cabe a cada indivíduo assumir a responsabilidade por seus atos, e a ninguém é facultado o direito de julgar as ações de natureza moral à luz da espiritualidade. Infelizmente, os censores da vida alheia são, em regra, indulgentes com o tipo de vida que levam.
Se for levado em conta que ninguém é responsável pelas ações dos outros, é então desejável que as pessoas deem mais importância aos próprios atos do que aos procedimentos de terceiros. Os seres humanos estão neste mundo de escolaridade na esperança de que a existência atual seja útil ao progresso material e à evolução espiritual de cada um. Todavia, estão sujeitos às más influências fluídicas do meio ambiente em que vivem, devido à falta de esclarecimento espiritual. Em lugar de diminuírem, só aumentam o número de erros que cometeram em existências passadas.
Julgar, insistimos, é muito difícil, principalmente quando os indivíduos que se arvoram em juízes deixam-se influenciar pelas simpatias ou antipatias humanas, sentimentos que sempre conduzem a péssimas avaliações de conduta. Logo, é até preferível ser vítima de alguma injustiça a cometer qualquer tipo de parcialidade. Quem mal faz a si o faz, diz conhecido provérbio, para o qual a filosofia racionalista cristã alerta os estudiosos da espiritualidade. Por que não adotar em suas vidas o ensinamento desse ditado popular?
Ninguém está livre de aborrecimentos, decepções, tristezas ou injustiças, que maltratam a alma ao lhe causar tantos sofrimentos, que seriam desnecessários se todos se entendessem de forma leal e franca, concorrendo para que a vida em comum tivesse melhor sentido, com maior segurança e mais paz de espírito.
Contribuir para o bem-estar das pessoas é dever do convicto racionalista cristão. Para isso ingressou na escola de elevada espiritualidade que é o Racionalismo Cristão, que tem como um de seus princípios básicos o respeito ao próximo, ainda que ele discorde de nossa filosofia de vida. Apenas dessa forma é possível viver em paz e com segurança. Portanto, só depende da boa vontade de cada um para que todos tenham alegria e satisfação no viver cotidiano, de muitos infortúnios sem dúvida, mas também composto de atos elevados e dignificantes. Se assim não fosse, as coisas belas presenciadas e apreciadas pelos mais sensíveis não existiriam como fator de equilíbrio psíquico, o que tornaria a existência na Terra mais difícil de suportar.
Assim sendo, as coisas desagradáveis devem ser prontamente esquecidas. Pensar nelas é ligar-se aos campos vibracionais de idêntica configuração, é atrair forças obsessoras que vibram nessa sintonia e vagueiam pelo astral inferior. O ser humano se engrandece ou se apequena pelos pensamentos, sentimentos e atos que manifesta em relação aos semelhantes. Isso revela, ou deixa de transparecer, esclarecimento espiritual. Se os seres humanos, como emanações da Inteligência Universal, têm a mesma origem e igual constituição astral e física, por que não proceder como tal? Por que se deixar influenciar por pensamentos e sentimentos menos dignos?
As pessoas realmente esclarecidas, entre as quais não se encontram aquelas que dizem ser sem o serem, não cultivam no âmago pensamentos negativos nem sentimentos de desafeição, malquerença ou intriga.
A paz interior só pode ser cultivada em corpo fluídico fértil, para que germinem a concórdia e o respeito entre os seres humanos. Sentimentos com essa sustância espiritual distribuídos pelo planeta de forma equânime evitariam desavenças familiares, conflitos econômicos, desentendimentos entre nações e até guerras, pois a humanidade viveria unida pela afeição mútua, haveria a sonhada paz entre os povos resultante da solidariedade como relevante aspecto da moral à luz da espiritualidade. Por ser uma filosofia de vida, é a fraternidade plena do gênero humano que o Racionalismo Cristão pretende ao defender e divulgar seus ensinamentos espiritualistas.