Vida dedicada à família e ao RC

Nasci em 30 de julho de 1939, no Sítio de Fajã de Janeja, Concelho de Paul, Ilha de Santo Antão. Filho de Manuel José Inocêncio e Meletina Silva Coronel, humildes trabalhadores, honestos e de posses comuns às pessoas que habitam este mundo que é um laboratório psíquico cheio de muita maldade e hipocrisia.

Fiz a instrução primária (4ª classe) aos 11 anos de idade. Deixei logo os estudos por julgar que não era necessário sua continuidade, já que a matéria que encontrei era semelhante à já sabida.

A partir daí tive diversas ocupações, como por exemplo ajudar meus pais nos trabalhos da lavoura e no pequeno comércio que ele possuía. Éramos sete irmãos que viviam às suas expensas.

Já em 1960 fui chamado para a vida militar. Cumpri minha missão condignamente e aproveitei os ensinamentos recebidos, que me facilitaram seguir o caminho que me esperava até então embora tenha feito a vida militar num período turbulento, que foi quando se deu o assalto ao navio português Santa Maria, com o início da guerra na África.

Conheci a filosofia racionalista cristã através de um amigo, Nélson. Ele perguntou se eu queria inscrever-me no grupo que se preparava para remeter à sede mundial do Racionalismo Cristão a solicitação para abertura de um Correspondente. Eu e minha mulher aderimos de imediato a sermos alistados como elementos da organização e, assim, começamos a militância com os outros companheiros. Nunca fui religioso nem tomei parte em nenhuma seita, estando à procura de algo que me servisse de plataforma espiritual, e sendo que a obscuridade se tornasse cada vez mais acentuada à mente do ser humano, julgo que encontrei aquilo que procurava para o meu abecê de esclarecimento, retirando o véu que vendava os meus olhos, para conhecimento da verdade e só através dessa Filosofia conseguiria sair da escuridão espiritual.

Ainda sem conhecer as palavras de Platão em que ele afirma que a ignorância da verdade é um dos grandes males que afligem a humanidade, o que Jesus secundou que só ela poderá libertá-la dessa ignorância e prepará-la para o cumprimento do dever, sendo essas palavras mais tarde ditas por Descartes, que basta saber distinguir o verdadeiro, ou seja, separar o joio do trigo.

Casei com Juliana Ascensão Alves em 1964 e os filhos deste casamento são Júlio Cézare, Octávio Augusto, Elsa Maria, Fátima Maria, Carla Helena, Hadjina Antonia e Virgínia Lúcia, que me deram 15 netos e um bisneto. São 56 anos que nós vivemos juntos de mesa, cama e habitação.

Proporcionei aos meus filhos uma vida material e espiritual bastante sadias, pois a minha profissão (por conta própria) facilitou-me a obtenção de recursos ganhos honestamente, de forma a fazê-los viajar de férias (todos), possibilitando-lhes conhecer países como Holanda, Luxemburgo, França, Portugal, Estados Unidos, Brasil.

Embarquei como emigrante por influência de um concunhado muito amigo, mas durou pouco tempo. Regressei poucos meses depois, visto não ter gostado do mar, aliás o canal da Inglaterra (norte da Europa) fez-me desistir de ser marinheiro. Já me considerava 2º marinheiro. Graças ao Senhor logo que regressei encontrei muitos trabalhos com ordenados regulares, por exemplo na Casa Serrados, a maior casa de importação do tempo, encarregado de seu armazém, com vencimento bastante regular, numa firma chinesa que ganhava na altura superior ao aspirante administrativo.

No meu regresso me submeti a concursos e foram todos ganhos, em especial o que me alistei de profissão liberal, cujos proventos que se obtêm são diferentes dos que trabalham como empregados.

Não me sinto hipócrita nem vaidoso, mas um espírito zeloso de obter conhecimentos para espiritualizar-se e dar espiritualidade a quem puder dar, sem limitação. Devemos conhecer-nos, como nos ensina Sócrates. Há duas vidas a realizar neste mundo: a material e a espiritual, ambas necessárias e importantes.

É bom saber distinguir os bens. Os materiais pertencem à Terra e ficam nela. Por imposição da vida ela é enterrada, queimada, incinerada, servindo unicamente para alimentação de vermes. Os bens espirituais são os que o espírito acumula e que lhe enriquecem a espiritualidade.