A calma e a serenidade são indispensáveis ao equilíbrio mental. Ninguém poderá raciocinar acertadamente e aplicar o bom senso, sem se revestir dessas virtudes, que são preponderantes na solução de qualquer problema.
Ajustar-se o indivíduo a condições naturais, próprias do ambiente, não querendo o impossível, procurando atenuar os defeitos e imperfeições que são próprios do ser humano, é, sem dúvida, colocar-se em circunstâncias favoráveis à evolução espiritual, a qual requer da criatura boa dose de ponderação e moderação nos atos, não exagerando coisa ou fatos, empregando sua atividade dentro de um sadio equilíbrio, sem, todavia, querer aos outros o que a si não deseja. Tendo, assim, uma conduta reta, pautada nos bons exemplos e dirigida para ações construtivas, sua repercussão é sentida no meio social em que vive. No tratamento social, o tato e a compreensão constituem normas aferidas de bom senso, equilíbrio e clareza de raciocínio.
A boa disposição mental é condição essencial que facilita a realização do objetivo que se tenha em vista. A vontade e os pensamentos bem orientados e conduzidos se ajustam às normas do bem viver e são responsáveis pela tranquilidade de espírito e paz de consciência, facilitam o bom humor e o equilíbrio das funções orgânicas.
Sabe-se que o corpo é o veículo do espírito, e precisa se colocar em condições de levar à frente seus empreendimentos neste mundo de lutas e sofrimentos, devendo, para tanto, se observar as regras de higiene física e mental, não só pelos métodos de alimentação, como pela disciplina e correção nos hábitos morais.
A vigilância de pensamentos, o otimismo sadio, ajudam a lubrificação das células do corpo, são elementos essenciais à saúde. Os exercícios físicos moderados exercem ação benéfica sobre os órgãos excretores, corrigem as funções hepáticas, facilitam funcionamento dos rins, intestinos e pele, os quais eliminam os resíduos nocivos ao sangue. Este, completamente isento de impurezas, torna-se poderoso auxiliar na resistência às doenças. O uso abusivo de medicamentos deve ser abolido em troca da alimentação sadia em base racional e científica. Também respirar o ar puro, evitando os ambientes fechados, tem considerável efeito sobre a saúde e prolonga a vida.
O trabalho deverá ser conduzido com método. Todo exagero é prejudicial à saúde e ao equilíbrio das funções orgânicas. Aja a criatura com naturalidade, método e disciplina, não sendo um joguete das paixões que envenenam o corpo e entorpecem o espírito, deturpando suas melhores qualidades.
Os bons sentimentos, o valor e o desprendimento atuam como índices de evolução do espírito neste mundo auxiliam a vencer as condições desfavoráveis que, por vezes, é obrigado a enfrentar. De lutas é a vida e sem elas nenhum progresso haveria, nenhum valor, portanto, seria obtido.
As lutas, os sofrimentos, são próprios do mundo, por vezes, necessários à evolução espiritual a que deverá a criatura submeter-se, na certeza de que, de outra forma, não conseguirá aptidões morais que a tornam invencível nos seus empreendimentos. Há, entretanto, lutas e sofrimentos provocados pelo mal-uso do livre-arbítrio que perdem seu valor natural, fugindo às circunstâncias próprias do ambiente em que se vive.
Viver, portanto, é arte de bem se conduzir a criatura, colocando-se em disposição racional com as coisas que a cercam, criando condições harmônicas e salutares de aproveitamento social, material e espiritual, em suma, viver é empregar o livre-arbítrio racionalmente, pela vontade e pelos pensamentos orientados para o bem.
Publicado em 8 de dezembro de 1952