Todos já ouvimos dizer que devemos amar o próximo como a nós mesmos. Quantos levam a sério este preceito? Dentre aqueles que o levam a sério, quantos entendem realmente o que ele significa? E, se entendem, será que sabem como proceder? Acreditamos que muitos se encontram nas condições da última pergunta. Este artigo é dedicado a eles. Você se inclui nesse grupo?
Antes de continuar com o tema, é recomendável saber o que seja o amor. Isso nos faz lembrar de Cupido, um dos deuses da mitologia greco-romana. Voando pelo mundo, armado com um arco e uma aljava provida de abundantes flechas, ele busca alvos para suas flechadas certeiras. O amor é o impacto causado por suas flechas. Um dia Cupido acabou atingindo a si próprio. Mas essa é outra história. Ele é também conhecido como Eros. O sentimento irresistível despertado em quem a flecha cupidinosa atingia era o amor entre homem e mulher, o amor-paixão. Não é nesse amor que estamos interessados.
Entendi, você poderá dizer, é do amor maternal que vai ser tratado. Também não, embora seja um assunto importante. Vamos nos estender sobre o amor fraternal. Agora entendi, você se corrigirá, trata-se do amor entre irmãos. Isso mesmo, mas não somente entre os irmãos que têm os mesmos pais, e sim entre todos os nossos irmãos em essência. Irmãos em essência? O que isso significa? Vamos explicar, com base nos ensinamentos racionalistas cristãos.
Todo espírito é uma parcela individualizada emanada do Grande Foco. Assim sendo, em linguagem figurada, o Grande Foco é o pai de todos nós. Somos todos, portanto, fundamentalmente irmãos, irmãos em essência. Consequentemente, a fraternidade deveria ser um sentimento universal, mas não é o que se observa. Em vez de fraternidade, o que se vê mais comumente é odiosidade; em vez de simpatia, se vê desprezo; e indiferença em vez de compaixão.
Faça um teste examinando seus próprios sentimentos. Você sente amor pelo próximo? Se a resposta for ‘nem sempre’, será sinal de que lhe falta algo, espiritualmente falando; há um dever que não vem sendo cumprido.
Não é fácil amar o próximo, sem distinção, você dirá. Concordamos plenamente. Então, o que devo fazer? Perguntará em seguida. Há vários caminhos que podemos percorrer, respondemos e vamos sugerir alguns.
Se esse sentimento pelo próximo não nos está espontaneamente presente, podemos cultivá-lo fazendo uso do nosso livre-arbítrio e da razão. Primeiramente é necessário convencer-nos de que amar o próximo é um dever, uma obrigação moral. Uma vez admitida essa obrigação, estaremos prontos para continuar. Você está pronto? Sim? Então vamos lá.
As sugestões que apresentaremos representam práticas espirituais. Não estão em ordem de importância, ou outra qualquer. Simplesmente é uma lista (longe de ser completa) de preceitos que podemos, e devemos, observar rotineiramente.
- Não falar mal de ninguém. É muito fácil apontar e comentar defeitos e faltas de outros, principalmente quando não estão presentes para se defender.
- Ter paciência nas situações mais diversas, como aquelas em que o comportamento de alguém nos irrita. Às vezes a irritação é momentânea. De qualquer modo causa um distanciamento, quando o ideal seria uma aproximação.
- Perdoar com consciência de que ninguém é perfeito. Estamos todos, sem exceção, aqui trabalhando para eliminar nossas imperfeições.
- Ajudar nas dificuldades. Sem humilhar e muito menos esperar uma retribuição, senão a ajuda seria um investimento disfarçado.
Conduzir nossa vida de acordo com estes preceitos nos ajudará a reconhecer e sentir que somos todos companheiros de jornada. Ajudará, também, a conduzir nossa vida julgando menos e amando mais. Afinal, e você já sabe muito bem, estamos aqui para nos aprimorar e enriquecer nosso cabedal moral.