Abater-se é mau negócio; saiba usar a criatividade

O abatimento moral é doença grave. E, como tal, deve ser identificado, tratado, monitorado.

Nem sempre ele é diagnosticado em sua fase inicial. Pequenas irritações, mal-estares, decepções sem a devida reação… Junta algo danoso aqui, outro ali e, lá na frente, numa explosão ou num estado deplorável de revolta ou depressão, vê-se um indivíduo alquebrado, sem forças para viver. Abatido. É o que se diz da caça, não é mesmo? O animal foi abatido. Acabou-se.

Mas se há caçadores, não deveríamos, por isso, tornarmo-nos caças. E a altivez onde fica? A Força interior que se tem, já que somos uma parcela da Força Criadora… Por que deixar que o inimigo – o mal – vença ou ria de nós?

Abrindo os Clássicos do Racionalismo Cristão volume 2, lê-se o seguinte, de Luiz de Mattos, na página 53: “Há muita confusão, muita desordem, muita desinteligência entre as pessoas, porque estão perturbadas. Não se entendem devido a seu estado espiritual deplorável, e assim nada evoluem”.

Esse é o quadro que leva o indivíduo ao abatimento. Pelo pensamento negativo e livre-arbítrio voltado para o que não é certo ou valoroso, a pessoa só cria em torno de si um quadro lastimável que nada atrai de bom ou positivo. Pequenos problemas diários fazem parte do viver cotidiano de todos. Enlouquecer por causa deles indica desequilíbrio psíquico e falta de inteligência para superá-los.

“O nosso empenho e a nossa luta são para tornar as pessoas mais capazes de agir com acerto neste mundo, pois nem todas dão à vida espiritual a importância que ela tem”, continua Luiz de Mattos. “Tudo pode ser muito bonito, mas, sem espiritualidade, nada de bom existe na Terra. O espírito faz o artista, impulsiona o progresso, ilumina a razão, porque é luz, é poder criador e realizador.”

Vamos repetir: o espírito é luz, poder criador e realizador. E não basta só querer. É preciso agir, reagir, sair do estado de letargia e abatimento em que o próprio ser se coloca, envolvido que está com o mundo material.

Na mesma página é possível ler: “A preocupação que as criaturas têm com a vida material, procurando usufruir o máximo do viver, demonstra claramente que não se importam com o principal, que é o espírito.” Se há ausência total de preocupação com o espírito, o ser nem se lembra dos atributos que carrega para reagir aos maus pensamentos, maus hábitos e más companhias. Daí o estado de abatimento.

Um desses atributos é a criatividade. E ela não deve ser entendida somente para criar arte, pintar quadros, fazer música… A criatividade leva qualquer ser humano que tenha esforço a resolver os seus problemas.

Uma vez esclarecida ou sequiosa por conhecer a vida espiritual, tentando buscar respostas para as questões espirituais, a pessoa conseguirá enxergar além da matéria, além dos pequenos problemas diários, além do ‘inimigo’, além do abatimento. Se para doenças incuráveis há lenitivos e certa qualidade de vida, imagine para aquelas cujo quadro pode ser revertido. Basta agir. Agora.