Aceitar as diferenças

Aceitar as diferenças para termos um mundo melhor
Observando o desenvolvimento e crescimento da população mundial, podemos notar as diferenças nas características físicas do ser humano, sendo a genética do corpo tão perfeita que ninguém é igual a alguém (com exceção dos gêmeos univitelinos).
Que bonita esta diversidade, especialmente no nosso Brasil, país cosmopolita, com uma diversidade notável por todo o território!
Se esta diversidade é tão notória e existe até uma música que diz  ninguém é igual a ninguém, por que temos a necessidade de exigência constante na nossa sociedade em não aceitar as diferenças? Em buscar a perfeição nos seres humanos?
Ninguém é melhor que ninguém, por sua raça, cor, religião, escolha sexual ou condição financeira mais avantajada que outros.
O espírito veio a este mundo com o propósito de evoluir, e para isso necessitamos abrir nossa mente e observar as diferenças que estão presentes na nossa sociedade, porque nascemos com o livre-arbítrio que nos permite decidir que caminho tomar, e para isso é necessário educar nossas crianças para aceitarem as diferenças.
Está cientificamente comprovado que  a capacidade física e mental de cada pessoa, incluindo sua resiliência, é única, ou seja, cada um tem uma capacidade diferente para resolver seus problemas, cada um tem seu talento, e essa diversidade é muito importante na nossa sociedade, cada pessoa é importante.
Atualmente, com a evolução da ciência e através do estudo do desenvolvimento do ser humano, a medicina avançou muito, e, graças a pesquisadores, cientistas, médicos e profissionais da área de saúde em geral, hoje podemos diagnosticar muitas doenças, e muitas delas congênitas, ou malformações genéticas, que antes não era possível.
E foi graças a esses conhecimentos adquiridos que a nossa sociedade começou a aceitar um pouquinho mais essas diferenças, porém ainda temos um grande caminho a percorrer, pois crianças com síndrome de Down e autismo, infelizmente, ainda sofrem muito preconceito na nossa sociedade.
Quando viemos a esse mundo, cada um tinha seu propósito, cada ser tem um papel importante no planeta Terra, e cabe a cada um, conforme seu livre-arbítrio, cumprir ou não sua missão neste mundo.
Quando uma criança é diagnosticada com capacidades especiais, é muito difícil para seus pais e familiares aceitar, porque não existe uma educação social voltada para as diferenças, mas essa família na verdade não sabe que lhe foi confiada uma árdua tarefa de quebrar esse tabu social, de provar que o ser humano é especial independente de ser diferente, de entender que cada vida é importante e que esse filho (a) especial veio pra ajudar  a família a evoluir, a entender as diferenças e a lutar por um mundo melhor.
Como é difícil entender que nasceu uma criança especial numa família, alguns pais negam-se a aceitar essa diferença, o que não é fácil, porque nos ensinam que as diferenças são motivo de vergonha e discriminação, e por isso alguns pais sentem vergonha, outros, impotência, outros ainda pensam que estão sendo punidos por algo que fizeram, mas na verdade o que eles não sabem é que foram eles mesmos que escolheram essa luta, e por isso não se devem deixar abater, mas, sim, ter coragem para vencer essa batalha, que não é fácil.
Ter um filho especial no Brasil é muito difícil, pois nossa sociedade não está preparada para receber crianças diferentes, pois tenta fazer uma escola para as crianças especiais, quando na verdade elas deveriam estar em escolas normais, para que aprendam de outras crianças, para que as crianças sem discapacidades possam aprender a conviver com as diferenças desde pequenas.
É através do copiar que as crianças aprendem e  desenvolvem suas capacidades físicas e mentais, pois elas observam e depois imitam.
A humanidade precisa despertar para as diferenças, temos que abrir os olhos e lutarmos por uma sociedade de direitos iguais, uma sociedade mais justa e inclusiva.
Uma criança com síndrome de Down ou portador de autismo tem o mesmo direito à vida que as outras, tem o mesmo direito de ir a escola,  de frequentar atividades escolares, festas de aniversário, pois uma sociedade inclusiva aceita as diferenças e trata todos com o mesmo respeito, sem discriminações. Afinal, não podemos comparar as crianças porque cada uma é única.
É preciso abrir nosso coração para aceitar e amar essas crianças como elas são, pois elas vêm a este mundo com o propósito de evoluir, e cada um de nós tem que fazer sua parte para que essa evolução seja possível. Não posso deixar de citar que a evolução é mútua, não só das crianças com discapacidade, mas também de toda a família e amigos.
Hoje, graças à luta de muitos pais, felizmente essas crianças já tem um pouquinho mais de direitos e podem tentar viver o mais normal possível, pois já existem portadores de síndrome de Down trabalhando normalmente e para surpresa de muitos eles exercem seu trabalho muito bem, mostrando claramente que se cada um fizer sua parte poderemos incluí-las na nossa sociedade. É necessário porém acabar com o preconceito que é o maior vilão e que tem destruído a autoestima de muitos, desestimulando a inclusão de pessoas especiais na nossa sociedade.
Sandra Carvalho
Educadora infantil, Londres