Não se resolve problema tomando a parte pelo todo

É necessário situar o debate acerca das causas dos desequilíbrios psíquicos – infelizmente tão comuns na atualidade – em uma perspectiva espiritual, ampla e integradora, como nos mostra o Racionalismo Cristão. É necessário analisá-los sob o prisma da transcendência, eficaz meio de evitar generalizações, estigmas e preconceitos.

E por que insistimos em abordar as questões relacionadas com os distúrbios emocionais? Ora, porque as soluções apresentadas até agora por especialistas das ciências do comportamento e áreas afins parecem ser insuficientes para a solução desse problema, pois esses grupos ignoram ou desconsideram em suas análises a essência do ser humano, ou seja, o espírito, limitando-se, no mais das vezes, ao estudo de manifestações exteriores e sintomáticas que têm lugar no corpo físico.

Não se pode resolver um problema tomando a parte pelo todo, tampouco cuidando dos efeitos em detrimento da causa. A aflição, a mágoa, a angústia, o sentimento de culpa e a depressão – males que atordoam e adoecem uma parte considerável da população mundial –, por radicar-se no espírito, não se curam com substâncias químicas, mas com conscientização e autoconhecimento: conscientização sobre as incontáveis potencialidades internas que todos têm para a superação dos problemas; autoconhecimento para a libertação, a emancipação e sobretudo o fortalecimento do espírito.

É alarmante o aumento nos últimos anos do consumo de psicotrópicos e medicamentos análogos para o tratamento dos problemas emocionais, o que nos leva a perguntar até quando certos setores da ciência contemporânea adotarão posições vacilantes e fecharão os olhos para as verdades espirituais. Esperamos que não por muito tempo.

Quando a pessoa desperta para a espiritualidade e se dedica ao desenvolvimento criterioso e ordenado de seus atributos e talentos espirituais, fica livre de condicionamentos e padrões sem sentido, de expectativas angustiantes e de preocupações infundadas, que prendem inúmeros seres ao uso constante de certos medicamentos, como ansiolíticos e antidepressivos. Consciente de sua essência espiritual e de sua origem, a pessoa que alcançou lucidez espiritual sente-se íntegra e saudável, mesmo quando visitada pela dor física.

Evidentemente, a abertura à espiritualidade que propomos não é um fim em si mesma, mas um meio seguro para alcançar o esclarecimento espiritual, que, por seu turno, é o alicerce e o fundamento de uma gestão eficiente e saudável da vida e das relações humanas. Atentemos, contudo, ao fato de que só é possível abrir-se à espiritualidade quando há humildade para reconhecer as próprias falhas e força de vontade para apreender que a realidade que nos envolve é muito maior do que o que percebemos através dos limitados sentidos físicos.

Os distúrbios psíquicos manifestados em situações de pânico, depressão, angústia, pavor etc., se evitam e se combatem a partir do autoconhecimento, que, por seu turno – reforçamos –, é resultado do esclarecimento espiritual que o Racionalismo Cristão nos oferece. Nesse passo, é imprescindível que o ser humano estabeleça uma íntima conexão consigo mesmo, a fim de compreender que tem uma essência que transcende ao corpo físico, a qual é indestrutível e o capacita a enfrentar condignamente todos os reveses com que se depara ao longo de sua trajetória neste planeta, incluindo a melancolia e o luto.