O que é a mediunidade

“A mediunidade é uma condição da vida dos seres humanos, inata no espírito de cada um.”

Luiz de Mattos

Médium significa intermediário. A mediunidade é faculdade humana inata, através da qual se realizam comunicações e relações entre seres humanos e espíritos livres da matéria física. Não é dom sobrenatural, privilégio ou poder oculto, que se desenvolve através de rituais, iniciações ou suposto poder misterioso e sobrenatural de eventual guru, líder religioso ou de algo que o valha.

A mediunidade é uma forma de comunicação que acontece de maneira mais ampla, isto é, além daquela que os sentidos humanos possibilitam. Apresenta-se espontaneamente nas pessoas mais sensíveis à percepção mental dos campos da espiritualidade, que interpenetram e afetam os seres humanos com suas vibrações, sem qualquer distinção.

A exemplo do que acontece com os atributos do espírito, a faculdade mediúnica se desenvolve e se aprimora através do processo de relação e, principalmente, pelo esforço contínuo na busca do aperfeiçoamento moral. O desenvolvimento da mediunidade é periódico, isto é, processa-se por etapas sucessivas e complementares.

As crianças até os sete anos de idade aproximadamente possuem a mediunidade extremamente aflorada, mas resguardada por espíritos do Astral Superior, que as assistem no processo em que se consolida a ligação entre o corpo fluídico e o físico. Na infância, as manifestações mediúnicas se dão através de desdobramentos, e não por incorporação de fluidos. As crianças projetam o seu psiquismo nos seres e nas coisas que as rodeiam e, às vezes, veem ou percebem a presença de espíritos, os chamados “amiguinhos invisíveis”. Não raro, transmitem mensagens de parentes falecidos ou têm lembranças muito claras da vida anterior que tiveram. Daí resulta a responsabilidade dos pais em criar ambiente espiritualmente elevado, favorável ao desabrochar de um desenvolvimento psíquico equilibrado dos filhos.

Passado o período apontado, as crianças integram-se às atividades da vida material, afastando-se paulatinamente das relações espirituais, dando mais atenção às relações sociais.

Ao entrar na adolescência, o ser humano tem o corpo suficientemente conformado, para que manifestações mediúnicas se tornem mais acentuadas, ou até frequentes em certos casos. É a oportunidade em que se deve orientar o adolescente com informações mais substanciais acerca da mediunidade, sempre esclarecendo tratar-se de processo natural e espontâneo – para que sua imaginação não seja exaltada.

Certos adolescentes aceitam perfeitamente as explicações que recebem sobre mediunidade, entendendo que da estabilidade emocional e do preparo intelectual depende o seu sucesso em todos os setores da vida. Outros, porém, rejeitam esses conhecimentos e procuram voltar-se apenas para atividades lúdicas e juvenis, como a prática de esportes, de jogos, de estudos e de outras ocupações relacionadas à vida social.

Jamais se deve forçar os adolescentes para o estudo da mediunidade, mas apenas os alertar para o conhecimento da vida espiritual, mostrando-lhes a importância do assunto. As diretrizes traçadas no mundo de estágio e as experiências contidas na bagagem espiritual já começam a despontar nos adolescentes, através das vocações e tendências, dos projetos e anseios.
Bons exemplos familiares impressionam mais que admoestações. Havendo manifestações mediúnicas espontâneas de adolescentes, cabe aos responsáveis encaminhá-los às casas racionalistas cristãs, evitando comentar o assunto fora do âmbito familiar.

Findas as fases iniciais da vida – infância e juventude –, o ser humano entra na fase da madureza, período que exige estudos mais aprofundados a respeito da espiritualidade, e, sobremodo, da mediunidade. Ao chegar à fase da velhice, as manifestações mediúnicas se tornam mais prováveis e presentes. Esse fato se deve a diversos fatores, como o enfraquecimento físico, a desaceleração das atividades da vida prática, a diminuição da energia anímica, entre outros. Esses elementos favorecem a expansão do duplo etérico, possibilitando maior interação com espíritos desencarnados.

O que se quer destacar é que a faculdade mediúnica nunca permanece estática, está sempre presente em todas as fases da vida do ser humano. Ela é demonstrada nesses períodos com mais frequência do que supõe a maioria das pessoas, quando passa do campo das possibilidades ao da realidade através do pressentimento das intuições que todos sentem e da percepção extrassensorial que os médiuns possuem.

O ser humano processa a evolução mediúnica interagindo com as correntes de pensamentos que cruzam o espaço em todas as direções e com os espíritos que vibram nas mais diversas dimensões da espiritualidade.
Como comprovou Luiz de Mattos através de seus estudos, o espírito e seu corpo fluídico afastam-se do corpo físico durante o sono, e passam a interagir em campo astral.

A ciência procura explicar esse fenômeno fisiologicamente, mas as relações orgânicas a que atribui o fato não são a causa e sim o efeito de um processo mediúnico denominado desdobramento.

À medida que a pessoa se esclarece sobre a faculdade mediúnica, passa a controlar a liberdade, a escolher as relações de convivência e a selecionar os pensamentos. Dessa forma, sua mediunidade se aprimora e se torna mais segura. Entende-se, portanto, que o médium eficiente, o autêntico instrumento das Forças Superiores, é aquele que mantém equilíbrio mental e procede disciplinadamente na vida cotidiana, de maneira a criar em torno de si um ambiente espiritual de moralidade, positividade e tolerância, de respeito e amor ao próximo. Para tanto, é imperioso destacar que o médium não necessita ficar distanciado da realidade da vida, tornando-se uma figura singular e exótica.

Basta ser tão somente uma pessoa de bem.