Prestimosidade e ação

Ao longo de nossas reflexões, temos demonstrado que, à medida que o ser humano se dedica ao cultivo das virtudes e ao desenvolvimento de seus talentos, além de se aprimorar intelectual e moralmente, experimenta uma intensa, duradoura e profunda sensação de bem-estar. Continuando nossa pesquisa, a presente reflexão suscitará o entendimento de que tal processo de amadurecimento e de vivência de princípios éticos e elevados é dinamizado não por fatores secundários ou imprevisíveis, mas pela incorporação na vida da disposição de ser prestativo, colaborativo e diligente. 

A estruturação do caráter e a elaboração de uma personalidade valorosa e altiva pressupõem não somente a autorreflexão e o autoconhecimento, mas também a ação exterior, objetiva, efetiva e, sobretudo, ética.  

O desenvolvimento de nossas capacidades, potencialidades e faculdades – frise-se bem – principia pela harmonia do pensar, passa pelo equilíbrio do sentir e se consolida na dignidade do agir. A par dessa importante informação, acrescentamos que as ações atingem alto valor quando, interpenetradas pelo senso de cooperação, não se limitam ao interesse individual ou ao estrito cumprimento dos deveres cívicos e laborais. 

É preciso reconhecer que, ao estendermos a mão a nosso semelhante num gesto de afetividade e respeito, estima e consideração, além de estar concorrendo para a construção de um humanismo sadio e autêntico, também gozamos de inefável bem-estar. 

Sentir-nos-emos sempre em paz com nós mesmos ao agir com atenção, prontidão e benquerer em relação às pessoas com que tivermos a oportunidade de conviver, em virtude da serenidade que espontaneamente nos invadirá.  

Aqueles que adotam a prestimosidade como um dos princípios norteadores da vida dão ao mundo uma importante demonstração de respeito à humanidade, inspirando outras pessoas a agir da mesma forma, ao mesmo tempo que fomentam o precioso e nobilitante sentimento de gratidão, bloqueando em si os impulsos egoísticos que impedem a construção de sua própria felicidade. 

A felicidade, por seu turno, que é fonte de longevidade e sublimação espiritual, contribui para o bem-estar e a qualidade de vida. Não é conquistada somente pela vontade: é preciso ação. Não basta querer ser feliz; há que aprender a ser feliz. Logo, um importante passo se dá quando o ser humano aprende a ser prestativo e atencioso. 

Efetivamente, não basta reconhecer a importância de sermos prestativos e obsequiosos. É preciso um passo a mais. Devemos estender a mão a quem necessita de apoio, isto é, ter atitudes que se traduzam objetivamente na conduta ética e moral, que se revelem na disposição da pessoa em auxiliar o próximo com boa vontade e atenção sempre que as circunstâncias o permitam.  

Convém ressaltar que, para prestarmos um auxílio efetivo a nossos semelhantes, é necessário primeiro que respeitemos nossos limites e nos fortaleçamos espiritualmente, como ensina o Racionalismo Cristão. Discernimento, equilíbrio, razão e benquerer são valores indissociáveis de uma experiência de vida autêntica e benfazeja. A retidão de caráter e a dignidade de atitude são virtudes primordiais a serem alcançadas pelo ser humano, que muito avança nesse sentido quando busca fortalecer-se para auxiliar. 

A vivência cotidiana dos valores da espiritualidade mostra-se um caminho consistente, permitindo à pessoa uma apreensão integral da realidade, no sentido de buscar a razão de ser dos fatos, ir à raiz dos acontecimentos e à causa dos fenômenos. Importa nesse processo de autoconhecimento não o sentimentalismo vazio de sentido, mas a autoanálise e a introspecção que visem promover mudanças e transformações positivas.  

A espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão não é somente um conjunto de conhecimentos abstratos, mas uma força viva, que exige, como tal, ação; não uma ação mecânica e irrefletida, mas uma ação lastreada pelos sentimentos de cooperação e solicitude. 

Muito Obrigado!