Se você fez o que pôde, por que ficar atormentado?

Tenho um casal de filhos adultos. Embora tenham sido criados da mesma forma, sempre dei mais atenção ao filho, agora com 43 anos, porque foi o que mais sofreu com a minha separação. Meu marido se tornou alcoólatra e não consegui continuar o casamento. Nós três ficamos muito abalados, porque, numa família feliz, de repente tudo mudou.

Os anos passaram e eu sempre correndo atrás do rapaz, que passou a usar drogas, e de minha filha, que engravidou aos 15 anos. Não estive presente como deveria estar, porque achei que também merecia ser feliz e aproveitar a vida, enfim. Enganei-me, ajudei a desestruturar ainda mais com o meu egoísmo.

Faço tratamento de saúde e o médico me aconselhou a não morar sozinha. Então fui morar com o meu filho, achando que seria bom para ambos, mas estava enganada. Eu pensava que estava ajudando muito, porque o casal vive acima do que ganha, e eu passei ajudar na medida do possível para que ele pudesse regularizar as despesas. Pensei até em vender meu apartamento e comprar outro no nome dele. Com minha filha não tenho esse tipo de preocupação financeira, ajudo de outra forma.

Eu esperava que meu filho fosse mais parceiro, Tudo que era pra mim eu tinha que esperar, mas eu continuava ajudando, até perceber que a minha ida para lá era do meu interesse porque estaria com alguém, mas da parte dele e da minha nora o interesse era financeiro. Numa conversa, por eu querer ter menos controle das despesas deles, pedi que o cartão de crédito que ele usa ficasse com ele. Foi o estopim para ele perder a paciência e a minha nora, de uma maneira até ríspida, interferiu. E eu respondi: vocês gostam de usar, mas não querem ter responsabilidade. Assim é fácil.

Não gostei da interferência, mas tentei manter a calma. Foi quando ele falou que não podia contar comigo. Essa frase me impactou muito, e ele completou: e agora vai querer ir embora também?

Acredito que ele pensou que eu estava na dependência deles por motivo do tratamento de saúde, o que não era realidade. Eu ajudava muito. Vou dar um exemplo: recebi uma indenização e passei o valor total pra eles tentarem pôr as dívidas  em ordem. Eu respondi: vou embora, sim! E já que você não pode contar comigo, devolva o meu cartão de crédito. Analisando depois, vi que nesse momento o astral inferior já dominava a conversa. Ele disse tudo bem e dessa maneira tive que trazer tudo de volta para o meu apartamento. Depois ele disse, via WhatsApp, que estava muito magoado comigo e que não queria conversar até voltar a ter equilíbrio, o que eu achei sensato. Ele não moveu uma palha na minha mudança, fiz tudo sozinha. Eu também estava decepcionada, mas me mantive quieta, todas as vezes que ia buscar as coisas. Não estou dirigindo, por isso dei meu carro para ele poder trabalhar quando fosse ao escritório. Paguei para que outras pessoas levassem as minhas coisas.

Tenho plena consciência de que eduquei errado, mas mesmo assim continuo me preocupando para saber se eles estão conseguindo se virar. Quero oferecer ajuda se ele precisa comprar uma mistura, uma fruta ou o lanche da minha neta, mas acho que só dessa forma eu paro de querer compensá-lo por tudo que eu acho que ele sofreu e ele aprende a crescer.

Sabendo de tudo isso, penso: será que, se eu ficar oferecendo ajuda, vou continuar estimulando-o a depender de mim? Ajudar financeiramente pra mim hoje é não o deixar responsabilizar-se pelas decisões dele. Estou certa em não ajudar? Sei a minha intenção e em momento algum pensei que ele tinha essa imagem de mim.

Comentou com a minha filha e todas as reclamações eram de ordem feminina, ou seja, influência da minha nora, coisas do tipo eu mudo as coisas de lugar, e outras mais sem justificativa, sendo que toda vez que eu limpava falava pra ela que havia mudado, mas que a casa era dela e que se não gostasse deveria mudar mesmo, ou questão de dinheiro que eu não ajudava.

Isso me deixou pensativa, porque minha nora não tem que me conhecer, mas o meu filho teria que, ao menos, saber que sempre contou comigo. Ou seja, não se preocupou se eu estou bem de saúde, e sim por que eu não estava colaborando mais ou da maneira que ele achava que deveria ser.

Desculpe a extensão desse e-mail, mas queria deixar uma noção do que estou sentindo. Como mãe não quero deixar meu filho na mão. Mas não quero continuar sendo o suporte financeiro dele, para o bem dele mesmo. Estou certa na maneira de pensar?

Uma parte diz que estou certíssima, mas outra me diz “pergunte ao menos se ele está precisando comprar alguma coisa”.

Resposta: Prezada, lendo com atenção seu relato, você parece ter feito uma análise importante de como tem sido sua vida. E, parece-nos, chegou a conclusões que devem encaminhá-la para encarar com objetividade seus planos.

Seus filhos estão criados e têm a própria vida para levar adiante. Você já se prontificou a ajudá-los se for necessário. Por que ficar tão atormentada? Por que todo esse medo de estar errando? Na verdade, parece que são esses pensamentos que estão lhe fazendo tanto mal a ponto de desanimá-la, impedindo-a de conduzir sua vida de forma mais produtiva.

Você conhece o Racionalismo Cristão. Por isso compete-nos lembrá-la que nossos conhecimentos sobre a espiritualidade devem ser sempre objeto de nossa atenção. Recomendamos que retome a leitura dos livros editados por esta Filosofia, que proporciona ensinamentos propícios a avançar em sua evolução espiritual. Ponha esse objetivo em seus planos. Leia, releia e reflita sobre os ensinamentos que nos são oferecidos. Seguindo essa orientação, tenha certeza, encontrará uma valiosa razão de viver com paz de espírito.