Seu filho adolescente quer ser adulto? Ajude-o nessa transição

Peço um conselho para o meu filho, de 18 anos, que, apesar de ser o filho mais inteligente, encontra-se sem motivação para estudar. Sem estudar, ele não conseguirá ser aprovado nos exames. Ele está no último ano do ensino secundário, os exames vão começar já neste mês e no próximo ano entrará para a universidade.

Ele é capaz de alcançar uma nota dez em Matemática, por ter vocação para essa disciplina. Em outras ele tem de estudar mesmo. Apesar de sempre haver demonstrado caráter forte, acho que o comportamento da mãe tem tido grande influência nisso. Vamos nos divorciar. Numa família de cinco pessoas que viviam juntas, em poucos anos ficamos somente nós dois.

Frequento as reuniões públicas semanais em minha cidade e faço diariamente a limpeza psíquica. Quinze minutos antes das sete e 15 minutos antes das oito, faço a minha reflexão sobre ele. Ele não me faz companhia, nem em casa nem nas reuniões públicas. Já tentei, mas ele nunca quer.

Procuro manter o lar iluminado, apesar de estar passando por um momento difícil na minha trajetória evolutiva. Estou num processo jurídico do divórcio.

Sou muito grato pelos conselhos que me deu, durante algum tempo, quando a mãe dele foi viver em outro país. Apesar de todo o esforço que tenho feito para encaminhá-lo não estou vendo nada de progresso nele.

Por favor, ajudem-me a encontrar uma solução para esse problema tão delicado. Já falei com a mentora dele na escola, ela acha uma pena se ele perder o ano, disse que perderá ainda mais a motivação. Os professores de outras disciplinas, apesar das negativas, são conscientes da sua inteligência e o admiram pela maneira civilizada com que os trata.

Resposta: Prezado, a separação de um casal é sempre um choque para os filhos. Uns se recuperam logo, enquanto outros sofrem mais os efeitos da dissolução do lar.

Olga Brandão, no seu livro Caminhos certos, dá orientações valiosas sobre esse assunto:

“Os desajustes entre o pai e a mãe são um verdadeiro suplício para os filhos, que anseiam pelo amor dos dois, unidos, a seu redor, mas repelem ser amados em separado, embora supondo que a dose de afeição seja a mesma. Falta-lhe, quando falta a estrutura familiar, alguma coisa que constitui o elemento indispensável para o desabrochar de sua personalidade”.

Ainda Olga Brandão assim orienta como lidar com o jovem:

“Diante de si, têm os pais um indivíduo quase adulto, mas continuam a tratá-lo como criança. Esse é o grande erro. Toda contribuição que o ajude a conquistar personalidade será aceita, desde que os elementos sejam utilizados na ocasião oportuna: quando deseja ou tem necessidades deles. É o momento maravilhoso da técnica educativa: auxiliar quem procura situar-se como adulto. Uma resposta adequada vale mais que conselhos, castigos, máximas consecutivas, não por serem prejudiciais, mas por estarem inadequados à natureza do adolescente”.

“Por serem rebeldes, necessitam de alguém que lhes modere os impulsos, mas com inteligência e persistência”.

“Maturidade no comportamento corresponde ao sentido de autonomia que se não deve confundir com liberdade de fazer o que quiser, mas possibilidade de seguir uma lei, um regulamento por si mesmo. O jovem quer ser adulto e, por isso, não suporta imposições nem castigos aplicáveis às crianças. Renega sermões; mas precisa de ajuda. Não deve, pois, ser abandonado. Tem necessidade de alguém que o compreenda, que mantenha consigo um profundo contato de espiritualidade, sensibilidade e afeição, o que não representa abdicação de autoridade. Deixar-lhe a responsabilidade do próprio comportamento é o caminho a seguir. Nem a conversa de igual para igual será a terapêutica”.

“Quem orienta um adolescente deve usar da palavra como meio de comunicação de um espírito a outro, o que significa ser sincero para colher proveito. Sacrifícios inábeis não ajudam, mas conduzem a resultados imprevisíveis.”

“As palavras produzem vibrações quando partem de sentimentos elevados: desejo e interesse de ajudar”.

“Educador é o que sabe estimular e entusiasmar simpatia e amor”.