Suicídio, tema abrangente visto à luz da espiritualidade

  1. DEFINIÇÃO

Segundo os dicionários da língua portuguesa suicídio significa ação de acabar com a própria vida e infelicidade ou desgraça ocasionada por uma atitude e comportamento com falta de senso ou percepção. Especialistas no tema, tanto em sentido filosófico quanto psicológico e psiquiátrico, afirmam que de modo geral o suicídio é um ato de desespero potencializado quando as pessoas estão sofrendo desses problemas: depressão, econômico, relacionamentos.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) informam que anualmente morrem 800 mil pessoas por suicídio, sendo mais homens que mulheres. As causas mais comuns são ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo.

  1. FATORES QUE POTENCIALIZAM O SUICÍDIO

Depressão. A depressão tem como fundamento a infelicidade persistente. “Durante a depressão profunda, as pessoas sentem-se desesperançosas e desanimadas e o tempo custa a passar. Entes queridos, comida, sexo, hobbies, trabalho e recreação, tudo parece desinteressante” (Davidorff, p. 553, 2001). Sabe-se que a depressão tem relação genética e psíquica, porém na maioria dos casos os fatores psíquicos se sobressaem aos genéticos nessa doença. A pessoa depressiva geralmente não sente prazer em viver e passa a ter desgosto das práticas que antes a faziam feliz.  Há um sentimento de pessimismo e negativismo em relação ao mundo e as experiências vivenciadas. Evita-se o contato social ao extremo, pois o excesso de sensibilidade desse tipo de criatura é tão intenso que qualquer olhar ou fala pode ser um fator potencial para a pessoa optar por cometer o suicídio.

Econômico. O mundo atual exige mão-de-obra especializada. Muitas pessoas não mais têm a segurança no trabalho como tinham anteriormente, de terem o mesmo trabalho ao longo de sua vida toda até obterem a aposentadoria. A renovação no mercado de trabalho é constante e a flexibilização suplantou a segurança que se tinha tempos atrás. Nessa circunstância, muitas pessoas optam pelos trabalhos autônomos, que, via de regra, quando são baseados na lei de oferta e procura comum ao mundo comercial, mais cedo ou mais tarde sofrem em tempo de escassez e alegram-se em tempos de prosperidade. O problema é que na situação atual, da covid, muitas pessoas perderam seus empregos ou se ainda detêm cargos não estão plenamente seguras de que estes possam durar por muito tempo. Nem todos que vivem nessa situação lidam tão bem com a realidade, pois, como a maioria da população mundial não tem condição financeira estável e ainda é responsável por educar e alimentar seus rebentos, tem como consequência imediata o aumento da ansiedade e do desespero por uma possível má notícia de demissão.

Em outros casos, muitas pessoas que detinham uma vida financeira confortável perderam muitos clientes e, mal acostumadas com ótimas condições financeiras, se veem tendo que reduzir drasticamente seus gastos, ocasionando sentimentos negativos que, quando não bem controlados, causam tentativas de suicídio.

Relacionamentos. Os seres humanos são sociáveis e precisam formar pares para satisfazer uma necessidade humana básica: o amor. Muitas pessoas nem sempre chegam a desfrutar plenamente desse sentimento, já que as relações firmadas em sua maioria são um tipo de contrato social temporário que homens e mulheres selam para satisfazer seus desejos instintivos, mas, para aqueles que verdadeiramente amam o seu par, a perda de um companheiro de anos e décadas que conviveram e trocaram várias experiências causa um sentimento de luto tão intenso que nada faz sentido no mundo para o outro que a única solução plausível na mente para a pessoa que não mais tem a companhia de alguém que já se foi é se suicidar. Em outros casos, as pessoas se suicidam por atos egoísticos, por verem a ex-namorada (o) com outro alguém, quando na verdade na cabeça da pessoa é ela que deveria estar ocupando aquela função. Tal situação leva a pessoa a sentir ódio, tristeza e aversão da pessoa que ela conscientemente entende como a única medida para evitar que a cena se repita, e acaba cometendo o suicídio.

  1. SUICÌDIO À LUZ DA ESPIRITUALIDADE

O suicídio é complexo, e de agora em diante vamos tentar interpretá-lo à luz da espiritualidade como uma atitude mais ampla para entendermos esse tema tão abrangente. Na verdade, a consumação do suicídio é uma atitude de que até mesmo os espiritualistas esclarecidos não estão a salvo. Em um mundo em que a maioria dos seres humanos pouco conhece ou sabe da autêntica espiritualidade, a maioria dos espíritos, sentindo no seu âmago o aflorar da luminosidade espiritual, vão para um ou outro lado: uns questionam sobre os porquês da vida e acabam se vinculando às práticas habituais e monótonas de misticismos espalhados pela orbe terrestre, e outros questionadores, céticos e sem paciência para tanta falta de fundamento que a maioria dos credos espelha a pretexto de serem tidos como a realidade autêntica e verídica, vivem a vida a par da espiritualidade, e quando os reveses chegam, tanto para os primeiros quanto para os segundos, a sustentação que só uma filosofia espiritual de alto padrão instaurada na Terra tem a oferecer não lhes é possível servir de base de vida moral, por desconhecerem ou até mesmo a terem negligenciado, e por isso caem em desespero.

No entanto, para aqueles que já detêm os conhecimentos do Racionalismo Cristão, mesmo sabendo que ninguém está a salvo de pensamentos negativos que podem potencializar estados psíquicos depressivos e de suicídio, também conhecem a sabedoria dos conhecimentos contidos nas obras, do valor do pensamento, das leis universais e do livre-arbítrio. Tais obras alertam para o fato de vivermos em mundo denso, denominação assim feita porque aqui não é mundo de estágio, onde convivem espíritos de mesmo nível, mas, sim, de diferentes mundos, com desenvolvimento e experiência heterogêneos, que pensam bem e mal, causando todo tipo de vibrações que se cruzam no espaço. Sabem também a quantidade de vibrações negativas existentes devido à permanência de espíritos do astral inferior, que, por desconhecerem a vida fora da matéria ou até mesmo a negligenciarem por saberem que suas expiações serão trabalhosas e sofridas por tanta maldade que cometeram usando erroneamente o seu livre-arbítrio, vibram querendo causar o mal dos seres humanos para sugarem suas energias anímicas com o intuito de alimentar ainda mais os seus vícios e suas antigas práticas que praticavam em vida física.

Como disse, os espiritualistas conhecedores do Racionalismo Cristão não estão a salvo do suicídio, podem, sim, cair em estados depressivos, porém sabem muito bem que isso é um enfraquecimento espiritual e que de nada resolverá ficarem abalados psiquicamente quando na verdade o correto é seguir uma vida equilibrada neste mundo, apesar dos reveses.

O que pode acontecer é que muitos espíritos mesmo esclarecidos podem enfraquecer temporariamente com baixas vibrações em decorrência de obter a consciência da vida transcendental como um todo e ao analisarem seus atos pretéritos se sentirem magoados com ações erroneamente anteriormente tomadas ou até mesmos se ressentirem com a vida por perderem tempo em vão com temas e assuntos que já não fazem sentido ou por não verem mudanças drásticas e satisfatórias em suas vidas ocasionadas pelas perdas das oportunidades ou mau uso do livre-arbítrio. Mesmo assim, é necessário pensar positivo e entender que o passado não pode ser mudado, mas agir de maneira mais correta no presente para mudar o futuro, jamais esquecendo que essa vida não representa o fim da existência, mas um caminho inicial frente à imensidão da vida espiritual e que, se for o anseio individual do espírito, ele retornará a esse plano de manifestação da espiritualidade para efetivar aquilo que pessoalmente planeja concretizar a título de felicidade, bem-estar e evoluir ainda mais.