Vai faltar ventilador

Causam espanto as somas distribuídas por baixo dos panos pela Odebrecht a políticos e a suas agremiações e das quais o público externo está tomando conhecimento por meio das doses homeopáticas diárias divulgadas pelos meios de comunicação. As informações são estarrecedoras, arrepia ouvir quanto e quem ou quem e quanto; dói saber que tanta franquia a tantos corruptos tem origem em contratos para obras superfaturadas. São denúncias e mais denúncias a atormentar o brasileiro, indefeso e impotente para reagir. Só resta a esse povo massacrado e humilhado a confiança na Justiça.

Se continuar o lançamento de denúncias pelo dono da Odebrecht, Emílio, pelo filho, Marcelo, e pela fieira de ex-executivos contra políticos com ou sem mandato não haverá ventiladores suficientes para espalhá-las nem para dissipar o odor que produzem, porque as histórias de que os brasileiros estão tomando conhecimento a partir de acordos de leniência, dentro da Operação Lava Jato, são realmente escabrosas, mal-cheirosas e quase inverossímeis. É difícil acreditar que pessoas “insuspeitas” às quais o povo delegou o poder de decidir seu destino estejam caminhando a largos passos, de braços dados com alguns auxiliares diretos, para o banco dos réus.

São ministros, senadores, deputados, governadores e mais os ex. É gente de estirpe e de toda laia, no mesmo saco de gatos, mas o justo porrete há de cair sobre as cabeças certas. Nenhum dos acusados assume o que lhes é imputado; à medida que surgem as denúncias, eles as rebatem e afirmam acreditar que os inquéritos instaurados revelarão a verdade. Alguns, mais ousados, crescem diante dos holofotes ou por meio de suas assessorias e desdenham: “Não há prova!.” Será que não há mesmo? É isso que o Ministério Público vai procurar com seus inquéritos.

É hora de preparação para maiores surpresas, notícias de maiores valores repassados a figuras mais eminentes da República. O cerco está fechando-se, os alvos já não têm muitas desculpas para enganar seus eleitores. Muita coisa rolou entre as quatro paredes dos gabinetes palacianos nos últimos anos.